Sangue Mulher

Nenhuma grande e duradoura transformação nasce da força bruta
Mas da ação do sagrado
do afeto
da verdade

Nosso território a gente carrega no peito
Do útero, nossa primeira casa
Seio terra, de mãe
Essa mesma que me alimenta, me nutre, me cria, depois ao final me
come
Para voltarmos juntas para um mesmo lugar
Do nosso corpo, nosso espírito
 
Estão aprisionando nossas almas
que queimam agora em brasas
Nos odeiam cara-a-cara, nos atiram pelas costas,
Nos jorram sangue e ódio
Negociam, invadem, estupram e matam.
Esse ouro e diamante que carregam no pescoço carrega sangue indígena
Este asfalto quente e imundo nos ajuda a matar também
 
Saímos de casa para ensinar os brancos para que parem de destruir tudo e que de alguma forma se tornem nossos aliados
Não estamos contra o progresso, só não queremos que ataquem nosso povo, nossas águas, nossas matas, nossas almas.
Apenas cumpram as leis
E lembrem: ninguém é ilegal em uma terra roubada
 
Trazemos em nós: nosso povo, nossos antepassados, nossa ancestralidade, nosso urucum
Orgulho de sermos o que somos:
muitas
diversas
guerreiras
gigantes pela própria natureza
 
Eles nos perguntam se não temos medo de morrer
Nós tenho medo de permanecer vivas sem poder dizer o que somos
O nosso peito suporta todo o mundo
 
Não sabemos o que é desistir, somos mulheres!

1ª Marcha das Mulheres Indígenas – Brasília, 2019


Isis Medeiros nasceu em 1889 no interior de Minas Gerais. Graduada em Design pela escola de Design de Minas Gerais, UEMG. Trabalha como fotógrafa documentarista e desenvolve projetos autorais voltados a defesa dos direitos humanos. Integra coletivos de fotografia e comunicação e colabora com mídias impressas e eletrônicas no Brasil e no exterior.


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