O relatório acabou de ser fechado Alaranjado o céu, essa habilidade de se tornar laranja enquanto o sol vai indo embora A apresentação já nasceu morta e morreu sem se apaixonar Mas esse verso do poema que não encaixa já faz mais que duas noites O poema que também nasceu morto já ganhou vida Vida quase orgânica, varia versos bons com versos ruins Tem verso bom que não se complica Já em outros, acha uma vírgula que quase grita Verso após verso após dia fora do tempo Preguiçoso, não se levanta esse verso tão modorrento Como num dia nublado, tem preguiça de brilhar E os corpos brilhantes, torcia, fossem cinza Mas esses versos, sábios versos, esperam deitados Esperam quase sem esperança, mas deitam bem deitados Que é o que se deve fazer em dias nublados O vazio é tanto que quase preenche Ainda na sala de espera a risada nasce de dentro pra fora Esses versos reavivados ousam e vivem o Éden dos ousados que almejam o céu Sentem, nas beiradas, a crocância da quebra E fluindo desfrutam o infinito da fluidez Versos que livres versos vivem mais que a liberdade de sê-los Que nos dias nublados esperam deitados Vivem a redenção de poder não ser: ser livre, ser sol. Mas que enquanto forem, apenas são. São. Não são. São. E são sol. Mais do que um, dois ou mil Menos que um, zero ou nada A liberta redenção regozija quem é são E são tantos. E são santos. E são sãos.
Mateus Mecunhe é um rapaz, 30 anos, se encontrando entre yoga e programação (que são muito mais parecidos do que se pensa).
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