[Arredores] Música na pandemia: Entrevista com Hellena Almeida

Hellena Almeida tem 18 anos, juiz-forana, com um tato pra composição e fotografia. Hellena faz uma música envolvente, com ritmo marcante e sensibilidade de quem assimila as nuances da vida com simplicidade.

Foto: Divulgação

T – Hellena, nos conte um pouco sobre sua história com a música. O que te despertou a vontade de compor e cantar?

H – Meu pai é baterista e minha mãe, fotógrafa, então sempre tive essa influência artística em casa. Quando eu ainda não sabia escrever, pedia pra minha mãe escrever as “poesias” que eu falava haha então essa coisa de escrever e compor veio de pequena. Sobre cantar, nunca foi meu sonho, na verdade eu queria ser guitarrista, mas não deu muito certo hehe então comecei a estudar canto mais a fundo, mas me considero mais compositora do que cantora de fato!

T – Você lançou dois singles nesse ano, um ano atípico. Como tem sido encarar a Pandemia e a divulgação do seu trabalho sem ter como fazer shows?

H – Noite vazia foi lançada na última sexta-feira pré-pandemia, então o show de lançamento da música foi o último rolê de muita gente hehe Romance Atemporal foi produzida mais remotamente, cada um em sua casa, só fui para o estúdio para gravar voz. A pandemia não me atrapalhou tanto por estarmos em uma era mais digital, porém a saudade dos shows é grande!!

T – A criação artística tem muito “de momento”, epifania, um estalo de inspiração… mas cada um costuma ter um “tique”, um “cronograma” pra elaborar as ideias. Conta um pouco desse processo pra nós. 

H – Olha, eu gosto muito de compor olhando a janela, o céu, a vida acontecendo. Passo muito tempo sem compor e quando volto, vêm mil coisas na mente. Trabalhar com criatividade é complicado por conta disso.

T – Temos tido um novo boom de bandas e artistas solos, graças aos serviços de streaming. Essa facilidade também traz aquela competitividade por plays. Isso, inclusive, pode consolidar uma base de fãs para diversos artistas. Como você enxerga essa relação com a cena musical em JF? Você tem visto espaço? Conectividade entre os artistas? 

H – Juiz de Fora, assim como a maioria das cidades é dividida em panelas: tem a galera do rock, do indie, do trap, do rap. Eu busco transitar por todos esses ambientes e ajudar outros artistas com o que posso, acho que falta um pouco desse apoio por aqui. Divulgar, dar dicas, indicar outros artistas, tudo isso é de graça e cabe a quem estar em cima, puxar os debaixo. 

Os serviços de streaming democratizaram as oportunidades, não vejo como uma competição, tem público pra tudo!

T – Particularmente, Noite Vazia é minha música favorita sua. Você poderia contar um pouco sobre a história dessa e de sua outra música e do seu processo na composição? Noite vazia poderia ser uma canção de um vigilante noturno combatente do crime?

H – Hahaha Noite Vazia é quase isso mesmo, inclusive amo Watchmen! Eu gosto muito de sair sem rumo as vezes, só pra ver a vida acontecendo, imaginar o que se passa na mente das pessoas, é uma música sobre observar o externo e o interno.

Romance Atemporal foi inspirada em uma série de sonhos que tive com uma pessoa, em todos os sonhos nos encontrávamos e nos apaixonávamos, mas quando acordava, nos separávamos. Foi algo platônico que passou, mas me rendeu um som haha

T – Muitos poderes são atribuídos a música, para você, qual o poder da música?

H – A música tem diversos poderes, mas o que eu mais sinto é o poder de dar a mão. Se você está na fossa, a música está do seu lado. Se você está revoltado, ela grita com você. A conexão e o poder de influenciar as emoções é a coisa mais linda da arte.

T – Qual foi seu primeiro show solo? Como foi? 

H – Meu primeiro show solo foi um caos!! Tentei organizar o evento, tocar e cantar tudo sozinha. Claro que não deu certo, eu errava tudo, estava nervosa, todos olhavam pra mim, mas foi uma ótima experiência para lembrar que pedir ajuda nunca é mal! Meu segundo show solo já foi mais elaborado, com banda e mais organização… a cada experiência aprendemos e evoluímos, isso é o que importa! 

T – Tem coisa nova vindo aí? Parcerias com algum outro artista?

H – Tem bastante coisa nova vindo! O lançamento da música “Revolucionários” com direito a um clipe bastante insano e juizforano. Sobre parcerias, estou tentando fechar com meu Rapper favorito de JF, assim que confirmar vou divulgar, mas estou muuito empolgada!

T – Conta pra nós, você se considera eclética? Fale quais artistas que tem bombado na sua playlist.

H – Eu sou totalmente eclética! Escuto desde música clássica até funk carioca. Atualmente estou escutando muito Djavan, Jovem Dionísio, Dua Lipa e Jean Tassy. Com certeza isso tem tido muita influência no meu trabalho! 

T – Vi que você foi (ou é) Frontgirl de uma banda. Existem boas referências com mulheres à frente e em carreira solo ao longo da história, mas ainda assim, imagino que tenha enfrentado algum preconceito. Como você encara essas situações? Como faz pra continuar firme? Por algum momento quis desistir? Você encontrou suporte em outras mulheres ou também achou preconceito? Alguma situação específica te marcou?

H – Administrar uma banda e ser Frontgirl é um grande desafio. Dentro da banda sempre houve muito respeito, mas infelizmente houve e ainda há muita objetificação. Acontece muito de homens chegarem falando de trabalho, mas com segundas intenções. 

Além disso, sinto que as vezes o meio não está preparado para mulheres de discurso acertivo, que acreditam em seus pontos de vista. 

Penso em desistir quase todo dia, mas daí lembro que a Rita Lee tá nessa a mais de 50 anos firme e forte!! 

T – Você quer deixar algum recado ou convite para os nossos leitores?

H – Deixo o convite para acompanharem meu instagram @hellenaalmeida_ pois sempre atualizo meus lançamentos por lá! A partir do dia 11/09 terão muitas coisas novas!

 E digo para vocês: a gente não leva nada pro caixão, então aproveite a vida sendo quem você quer ser!


Sobre o Entrevistador:

Kariston França é apaixonado por pizza, e nas horas vagas atua como entusiasta da teologia pública.



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