Mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes são essenciais para estratégias de recuperação à crise

Por ocasião do Dia Internacional da Mulher Rural, celebrado no dia 15 de outubro, 11 organizações e as embaixadoras da campanha #MulheresRurais, Mulheres com Direitos, se uniram à ação “15 dias de iniciativas transformadoras”, compartilhando histórias e mensagens sobre direitos e autonomia econômica; o papel produtivo da mulher rural em sistemas agroalimentares; redução de lacunas e uma vida livre de violência. Leia os relatos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Foto | FAO

Por ocasião do Dia Internacional da Mulher Rural, celebrado no dia 15 de outubro, 11 organizações e as embaixadoras da campanha #MulheresRurais, Mulheres com Direitos, se uniram à ação “15 dias de iniciativas transformadoras”, compartilhando histórias e mensagens sobre direitos e autonomia econômica; o papel produtivo da mulher rural em sistemas agroalimentares; redução de lacunas e uma vida livre de violência.

Segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), na região, a pobreza extrema no meio rural pode chegar a 42%, um número totalmente inédito. Segundo essas estimativas, 10 milhões de habitantes rurais –dos quais quase 6 milhões são mulheres– poderiam entrar em uma situação em que a renda não chega nem mesmo para cobrir as necessidades básicas de alimentação.

Durante a pandemia, as mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes que trabalham nas áreas rurais, continuaram seu trabalho para atender à demanda por alimentos nas cidades, nas comunidades rurais e em suas próprias famílias.

Porém, muitas ainda realizam suas atividades produtivas enfrentando desigualdades como o trabalho informal, a sobrecarga do trabalho doméstico não remunerado, a dificuldade de acesso a recursos produtivos como terra, água, insumos agrícolas, financiamento, seguros e capacitação.

Elas também enfrentam barreiras para comercializar seus produtos nos mercados, além do aumento da violência de gênero que tem sido visto durante a pandemia nos países da região.

Para Rafael Zavala, Representante da FAO no Brasil, a mobilização de diversas organizações no âmbito da campanha de #MulheresRurais, coloca em evidência a crescente conscientização da importância de seu papel para o desenvolvimento sustentável. “Não há dúvida do papel central que elas desempenham na produção, fornecimento e comercialização de alimentos, bem como na preservação dos saberes tradicionais. Portanto, é urgente desenvolver estratégias com foco no desenvolvimento das mulheres, principalmente para as que trabalham com emprego rural não-agrícola, e foram mais afetadas pela pandemia”.

Uma recuperação nas mãos das mulheres rurais

Segundo a FAO, o contexto atual exige uma vigorosa reação política, estatal, intersetorial e de cooperação para o desenvolvimento, a partir da qual a região deve ser capaz de responder à urgência e, ao mesmo tempo, caminhar para um exercício igualitário dos direitos das mulheres e dos homens, como única forma de nos transformarmos em sociedades mais equitativas e resilientes.

Para que as estratégias de recuperação pós-pandemia sejam eficazes, em conjunto com as mulheres rurais, é necessário:

  • Valorizar e incluir a abordagem de gênero como elemento fundamental nas estratégias de resposta à pandemia.
  • Garantir diagnósticos desagregados por sexo, idade, etnia, localização geográfica e modalidade de emprego, que permitam uma maior estimativa da vulnerabilidade das populações rurais.
  • Fortalecer a cobertura de programas e projetos de segurança alimentar e nutricional, a fim de atender às necessidades alimentares urgentes dos setores mais vulneráveis.
  • Promover a articulação de programas produtivos, de proteção social e de capacitação voltados para a agricultura de pequena escala.
  • Investir na liderança das mulheres e envolvê-las nas estratégias de resposta.
  • Considerar como pilar prioritário de reativação econômica a instalação de sistemas de atenção, educação, alimentação escolar e redução da violência de gênero.
  • Ativar circuitos curtos de abastecimento e comercialização de alimentos e promover a inclusão de mulheres produtoras.
  • Promover ações conjuntas com o setor privado, a fim de desenvolver programas que garantam seu acesso ao trabalho decente e à proteção social.

Organizações que participaram da ação “15 dias de iniciativas transformadoras” no Brasil:

  1. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura – FAO
  2. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa
  3. Secretaria de Desenvolvimento Rural/Entidade da Superintendência de Agricultura familiar da Bahia (SDR/SUAF)
  4. Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA
  5. Cooperativa Castrolanda
  6. Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura de Tocantins – SEAGRO/TO
  7. Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA
  8. Embrapa Rondônia
  9. Emater de Minas Gerais
  10. Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA
  11. SOS Amazônia

A liderança da mulher do campo no fortalecimento da agricultura sustentável

Na zona rural de São Paulo, no Distrito de Parelheiros, Lia Goes de Moura, de 47 anos, trabalha com a produção de alimentos orgânicos na Fazendinha Pedaço do Céu. Neta de produtores de cana-de-açúcar e melancias na região de Palmeiras dos Índios, em Alagoas, e uma das fundadoras da Cooperativa Agroecológica dos Produtores rurais e de Água Limpa da Região sul de São Paulo (COOPERAPAS), ela trabalha em busca do fortalecimento da agricultura local, preservação do meio ambiente, redução da perda e desperdício dos alimentos, e o desenvolvimento rural sustentável.

Leia o relato no site da FAO.

Sororidade em Rede: produção e comercialização para uma vida livre da violência

É sob o sol do Sertão Nordestino que Jaciara Ladislau, conhecida como Kiki, realiza as atividades de casa, as atividades produtivas no roçado, a comercialização de sua produção na feira agroecológica quinzenal do município de Sento Sé na Bahia e coordena a Rede de Mulheres do Sertão do São Francisco.

Leia o relato no site da FAO.

Vayrene Milhomem da Silva: produtora e agroextrativista gerencia agroindústria de polpas naturais em Tocantins

Vayrene Milhomem da Silva é agricultora familiar e herdou de seus pais agricultores, há vinte anos, 135,5 hectares de terra. Hoje, a propriedade é conhecida como Fazenda São Jorge, e fica no município de Barrolândia, Tocantins. Antes de ser produtora, ela era comerciante, tinha um mercado local. Entretanto, desde que recebeu sua herança, se fixou no campo de onde não saiu desde então.

Leia o relato no site da FAO.

Matéria originalmente publicada em Nações Unidas Brasil em 09/10/2020 – Atualizado em 16/10/2020.


A ONU (Organização das Nações Unidas) é uma organização internacional formada por países que se reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e o desenvolvimento mundiais.



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