Ainda tenho marcas no corpo Que me fazem odiar alguém. Ainda me olho com o jeito torto De quem não merece ninguém. Ainda me preencho com culpas Que eu não deveria carregar. Ainda me provoco rugas Por não conseguir parar de chorar. “Já era pra ter passado”. É o que quem não entende diz. Eles não sabem como é pesado Não ter percebido o errado Tão debaixo do próprio nariz. Ainda é difícil aceitar Que sofri tanto. Mais difícil é ter que ver Quem não conhece de verdade Bater palmas e conviver Com o ser em forma de fraude. E sofro por ter sofrido, Dói por já ter doído. Por ter passado como doida. Por ninguém ter me ouvido. Já faz tempo, Mas às vezes me vem A lembrança como exemplo Do que não é amar alguém. Mas aí, me pego aqui: Na melhor fase que já vivi. Certa de que mais felicidade Ainda está por vir.
Geara Franco é jornalista, social media, macramística e poetisa nas horas vagas.
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