VAGA À NOITE

 Tive um sonho estranho
 Que me deixou pensativa.
 Daqueles de pensar no banho
 E nunca entender a narrativa.
 
 Eu dirigia um Gol bolinha,
 E eu nem sei dirigir.
 Dia de chuva sem sombrinha,
 Sem destino pra ir.
 
 A direção era pesada
 E também desconhecida.
 Eu parecia apressada;
 Um tanto quanto atrasada
 E, mesmo assim, estarrecida.
 
 Eu podia sentir o frio
 Digno dos duas de chuva.
 O cheiro do carro e do rio
 Caiam feito uma luva
 Na visão daquele martírio
 Andando sem direção na rua.
 
 Daí cheguei num lugar
 Que eu nem sei onde é.
 Eu fui levar meu par,
 De repente eu tava a pé.
 Ele desceu e foi lá;
 Lhe chamaram pra um café.
 
 Olhei pro lado e vi
 Muitos instrumentos:
 Pandeiro, violão, banjo,
 Tudo jogado ao relento.
 E então eu resolvi
 eles precisavam de acalento.
 
 Mas todos estavam estragados.
 Um mais lindo que o outro,
 Arranhados, arrebentados.
 Mas, pra mim, valiam ouro.
 O banjo estava intacto,
 Peguei ele e mais um outro.
 
 Eu também toquei o banjo,
 E eu nem sei tocar!
 Ah, eu vou tomar meu banho
 E continuar a pensar.

Geara Franco é jornalista, social media, macramística e poetisa nas horas vagas.


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