Os meus traços são “esquizofrênicos” cheios de opacidade e estrangeiridade, pois sou estrangeiro no mundo, e as cores usadas na minha construção existencial só fazem sentido para os famintos, pois sou “o artista da fome”, cujas vísceras produzem uma revolta solidária. Os conceitos tratados são amargos e indigestos, apreciados por todos que sentem a dor da opressão das múltiplas injustiças sociais. Minhas obras são fundamentadas na filosofia e estética do absurdo, cujas principais referências são Franz Kafka e Albert Camus.
Minha arte é o nobre e o podre em constante dicotomia, como pensador e sua absurdeza; eis, portanto a não verbalização dos meus instintos, conduzidos pelo primitivismo anarquista e solidário, solidariedade esta que não se prostra diante das facetas capitalistas, dos separatistas cheios de falsas humanidades, e das corrupções.
Arte que sou que está em mim, traduz as distorções dos entes, as múltiplas e plasticidades infinitas do ser, integral e revoltado, contraria a toda hierarquização individualista e cruel, que nos submete a competições de ratos, comum nas relações humanas, sobretudo na contemporaneidade. Nas telas, reproduzo meu descontentamento com as indiferenças; nelas, estão, pois, as minhas vivências e observações que abstraí no submundo com liberdade. Vivemos sob o sistema que reproduz a maldade em larga escala e em todos os aspectos da vida, coisificando gente e personificando coisas. São belos estes versos teus, digo a mim; é a consciência de quem sente e sabe que o mundo anda invertido, que os valores são os que priorizam o ter ao ser. Tudo parece um abrigo: poemas, músicas, perfumes e cartões feitos sob encomenda para atender o mercado do amor.
A arte é tacar uma pedra na cara dos hipnotizados e soltar as cores vivas da utopia possível de outro mundo melhor sobre as cores opacas que vigoram. Elas transpassarão corações como raios solares, seu caráter não é exclusividade ou de cunho meramente poéticos, mas, em tudo. Está, pois, contida nesses símbolos tal premissa: “A natureza não é apenas humana”, que possui em si caráter simbólico, onde há uma representação das forças funestas da natureza, que é causa perene de terror para o homem em todas as suas instancias e entranhas, incluindo o moderno tecnologista da contemporaneidade.
Incluem-se também, nos mesmos, traços fantásticos do extraordinário mítico contrariando olhares apressados que não sofrem extremas misérias e humilhações, para a alcançabilidade, seja da imortalidade como nas epopeias, sendo esses, amor e sofrimento, níveis da existência mais autentica e mais humana possível.
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Luis Santos é nascido na região periférica de Salvador-BA, professor de filosofia formado pela Universidade Federal da Bahia, artista plástico autodidata, escritor, poeta e escultor. Integrante do grupo “Arte Marginal Salvador” atualmente com o projeto “A Rua é o Museu do Povo”, criador do coletivo de artes visuais “Artistas invisíveis” cujo foco é a arte transgressora.
Salve!
Sucesso nesses escritos, traços e pinceladas.
Abraço.