ENCANTAMENTO

 Quase um soneto se joga e se quebra no chão
 Busco os pedaços de cada palavra (cacos de emoção)
 Dizem por aí que quem achar o soneto vira rima em canção
 Não li as cláusulas do encantamento
 Desconheço as falas dessa atuação
  
 Me vi varrendo os cacos em distração
 Esqueci como se escreve amor sem coração
 De que linhagem vim e pra que sirvo?
 Se quebro o soneto em várias partículas
 Como ainda não me quebrei por instinto?
  
 Ouço sons estranhos e não identifico
 Presa no sonho da vida 
 Nem lembro se respiro
 Cada pedaço de soneto se balança
 Como partes de um alucinógeno qualquer
 Alucino
 Me penso inteira e me retiro
  
 Enxergo cores e não entendo a sintonia
 Busco rimas vazias que sejam cheias de magia
  
 Que encantamento se quebra quando se quebra a poesia?
 Quem produz essa poção cheia de falas, confusões e energia? 

Ariane Bertante é poetisa. Pensa que escrever é a arte de se expressar, e de outra maneira não sabe ser: Escrever é sua forma de amar (e odiar). Ela bebe um vinho ou um café, sonha com sonetos e canções para o leitor exausto e eufórico se deleitar em devaneios (eternos devaneios).


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