Certa vez, após três anos, eu, Patrik, e meus irmãos, Leonardo e Larissa, nos reencontramos – no caso, nós três juntos. Isso é importante porque somos melhores amigos. Esse tempo longe uns dos outros (morando em cidades diferentes) fez com que soubéssemos aproveitar melhor o tempo de estar um com outro. Fizemos churrasco, tiramos fotos, compramos pizza, jogamos vídeo game, saímos juntos, enfim, diversas coisas juntos. Tudo o que íamos fazer, fazíamos juntos. Demorou, mas aprendemos a amar um ao outro; antes, dificilmente fazíamos algo juntos.

Inversamente, meus sobrinhos, Davi e Maria (filhos da minha irmã), nos ensinaram que deve se amar o irmão e não perder tempo com brigas e discussões. Davi e Maria raramente brigam e, quando acontece, dois minutos depois já fizeram as pazes e estão brincando novamente.

Um dia, eu e meus irmãos marcamos dois dias de ir passear e comprar alguns presentes de Natal.  Decidimos levar Maria no primeiro dia e tentamos fazer um acordo com ela: ela poderia escolher apenas uma coisa de alguma loja, NÃO FAZER ESCÂNDALOS, e por fim, escolher o que ela gostaria de comer na hora do almoço. Igualmente foi para o Davi no dia seguinte.

No primeiro dia, Maria se levantou, tomou banho, e às 8h30 da manhã já estava toda arrumada. Eu e meus irmãos ainda estávamos dormindo. Às 10h00, já procurando alguns presentes de Natal, Maria ficou com fome e vinha até mim e gritava “ESTOU COM FOME TIOOOOOO, MINHA BARRIGUINHA ESTÁ VAZIA, ELA PRECISA SER ENCHIDA”. Esse clamor se repetiu várias vezes durante meia hora e só depois de andar mais meia hora conseguimos achar burritos (foi o que ela tinha escolhido para comer). Após comer burritos, ela pediu sorvete de sobremesa; foram mais uns 15 minutos até acharmos uma sorveteria.

Após terminados os afazeres do primeiro dia, voltando para a casa, Maria começa a fazer um pedido. “Tio, tem que comprar o docinho do Davi”; “Ok, se acharmos uma doceria, compramos para ele”. Ela olhou meio brava: “tem que comprar antes de chegar em casa”. Eu apenas acenei com a cabeça. Por sorte, encontramos a doceria e compramos alguns chocolates. “Quer um para você? Escolha!”, eu disse, e ela respondeu: “Não, é só para o neguinho mesmo”. Chegando em casa, Maria, que estava com os doces, entrou correndo: “Davi! Eu trouxe docinho pra você! Come!”

No segundo dia, como combinado, levamos o Davi para passear. Davi é mais tranquilo, não fez escândalos. A princípio, ficou chateado porque não ganhou a Manopola do Thanos que custava um valor bem acima do meu salário; mas tudo se resolveu quando pediu um peão que compramos rapidamente para esquecer o que tinha pedido anteriormente. Seu lanche foi batata frita com coca. E novamente, quando estávamos indo embora, acontece algo incrível; Davi diz para sua mãe: “Ô mãe, tem que levar o docinho da mana”. Alguns minutos depois, Davi escolheu uma cocada de vidro para sua irmã e nenhum doce para si. Davi entregou a cocada com o mesmo entusiasmo que recebeu os chocolates, ou seja, abrindo a porta loucamente procurando sua irmã para entregar seu docinho.


Patrik Bruno Furquim dos Santos é licenciado em Filosofia pela PIC-CAMPINAS, bacharel em Teologia pela PUC-SP e especialista em Biblioteconomia pela Faculdade Única-MG. 


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