“Morro / Dia 9”: DIY, isolamento e recomeço

O músico, cantor e compositor brasileiro André Medeiros lançou no dia 16 de novembro, em diversas plataformas, duas novas músicas: Morro e Dia 9. Produzidas entre seu quarto e a sala de estar de uma amiga, as faixas marcam um novo tempo para o artista. Escritas num momento de solidão e transformação, ganharam voz, violão, novos acordes, novas camadas e parcerias.

“Oito vaquinhas, duas pra ter bebê” canta André na abertura de Morro. Na sequência, subverte as expectativas: “quatro bezerros que não vão crescer”. Em seu “maculelê atômico”, o compositor contempla a paisagem bucólica, mas também hostil, do interior do Brasil de hoje: “tronco de árvore que o raio cortou/ cerca de farpa não viu quem sou/ subo alto procê ver”.

Em Dia 9, faz samba sobre as trivialidades extraordinárias dos dias, sobre a mortalidade, a carne, a dor e o recomeço. Por cima da base minimalista de violão, baixo e bateria, ele narra: “Trouxe um presente pra mim/ conchas e pedras de rim”. O tom amargo convive com um otimismo quase enigmático: “Vendo o cometa desistir/ os poetas fingem rir/ e o melhor está por vir”.

Entre suas influências, André cita Beto Guedes, Itamar Assumpção, Jards Macalé e Nação Zumbi, os modernistas Mário de Andrade e Murilo Mendes (seu conterrâneo), e clássicos do indie rock como Breeders, Sebadoh, Guided By Voices e Fiona Apple

A produção contou com a participação criativa de outros músicos: Victor Fonseca (The Basement Tracks e Martiataka) nas baterias, a percussão de Nicolle Bello (Čao Laru) em Dia 9 e as linhas de baixo tocadas por seu irmão, Daniel Medeiros (ex-Top Surprise), em Morro. A capa é uma pintura do próprio André, que também cuidou da mixagem. A masterização ficou por conta de Fernando Sanches, do Estúdio El Rocha (SP).

Foto: Caio Deziderio

André Medeiros é Brasileiro do interior de Minas Gerais. Na adolescência, mergulhou no indie rock, na literatura e na escrita de resenhas de discos no blog Last Splash. Ao lado de amigos, formou a banda Top Surprise e o selo independente Pug Records, especializado em fitas cassete. Passou a última década perambulando entre os palcos das casas de show da sua cidade e a estrada. Nos últimos tempos lançou zines de contos, trabalhou como técnico de som em shows, fez áudio e trilhas para filmes e produziu diversas bandas.

Em fevereiro deste ano, encontrou uma brecha para revelar ao mundo uma amostra de sua carreira solo: Fitônia, música sobre o amor a uma plantinha. Agora é a vez de Morro e Dia Nove. Para 2022, André está preparando seu álbum de estreia e os primeiros shows com banda.

Acompanhe o trabalho do artista pelo Instagram.


 Fernanda Castilho é Formada em Jornalismo pela UFJF. Ama os livros, os filmes, as músicas, as ruas e as janelas da cidade. Criou a la rue para trabalhar com fotografia, social media e assessoria de comunicação.


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