Dependência e Morte

Do majestoso quadro de Pedro Américo ao grotesco relato da diarréia de D. Pedro, a história da Independência do Brasil se perpetuou no imaginário social. 
 
O sussurro da ruptura do jovem português, herdeiro do trono dos Braganças, antecipava a coroação de um rei que soube se atentar e cercar a elite local. 
 
Uma elite escravocrata que usufruiu “dias de glória” durante a promissora estadia da Família Real (1808-1820) portuguesa em solo colonial. 
 
Confluíram, naquele 07 de setembro de 1822, as ambições da controversa personalidade de D. Pedro e da gananciosa elite do centro-sul. 
 
Alheios ao movimento, a maior parte da população permaneceu com suas vozes abafadas na continuidade de uma estrutura socioeconômica desigual, concentradora de riquezas e exploradora de escravizados. 
 
Irônico que, ao longo da nossa história, tenhamos significativas continuidades nas rupturas. É nítido um imaginário elitista erigido na distinção e no alijamento dos grupos populares. 
 
Daí venha, talvez, nosso desprezo por toda atividade braçal e por nossas raízes indígenas e africanas; e, por outro lado, talvez venha também daí o eterno fascínio pela distinção e afastamento das bases sociais. 
 
A resistência em assumir que surgimos como nação excluindo, e não integrando, mostra a força dos “donos do poder”: elite que, desde aqueles tempos, fomenta desordem, ignorância e exclusão 
 
(Por que seria diferente na nossa incipiente retomada republicana?) 
 
Não tardou para o aclamado imperador exibir sua faceta “absolutista” em choque com as demais lideranças políticas. Diante da crise generalizada, também em um dia 7 (de abril), D. Pedro I abdicou, mal completando 9 anos da independência. 
 
A elite, que havia corroborado a independência, agiu para a abdicação do outrora escolhido. 
 
(Em todos os projetos políticos da nossa história, quando foi que a elite não saiu beneficiada?) 
 
Em 200 anos de independência (e mais de 500 anos de existência), nossa história tem um rastro de dependência e morte fomentada por uma ganância desvairada de poder e riqueza de uma elite egocêntrica, inconsequente e (principalmente) incompetente.  


Iverson Silva é professor de História da Rede Pública, Historiador e Escritor.


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