Texturas que moram em mim

Imensidão de palavras que soam ao ouvido 

Vêm de muito longe, as preces e os arrepios 

Olho doce de menina, 

Procurando juntar os fios 

Entender os impasses que moram nos desafios 

Vêm de muito longe 

O estranhamento e a sensação de não pertencimento 

Mas ela põe a mão em sopros, soprando sua voz como um rio, calmo e constante Conhecimento que se costura nas entrelinhas do movimento 

Necessário fôlego para subir montanhas 

Observar o silêncio que se vai por entre as janelas 

Talvez sejam aquelas coisas todas pela casa, uma das mais preciosas lembranças Andanças além das sequelas 

Vêm de muito, as histórias nascentes de seus álbuns 

Rios crescentes, tambor em roupas de carnaval 

Bordado, poesia cheia 

Desaguando em uma colheita em seu quintal 

Espadas em vasos, escritas-água em cadernos, 

Semeia, menina, aquilo que te sustenta 

E deixa o teu incômodo afetar o mundo 

Rumando entre outros desafios 

Com seus olhos espertos de brisa marítima 

Compõe os versos que vêm de longe 

As histórias que moram nas lacunas 

O ouro escondido nas tranças 

Enfim, lança-te primavera com teus pertences 

Afeto lar, está lá as conquistas 

Colo acolhimento, esperança 

Muita seiva bruta corre por entre tuas raízes 

Paciência e perseverança para fundar o passo seguinte 

Não caminhas sozinha, muito menos precisa ter medo 

Tecido há muito tempo, 

Vêm de longe 

O que assusta e rouba nosso tempo 

Vale a pena reencontrar-se, criança 

Nomear aquilo que te dá nó

Na garganta 

Crie 

Anzóis 

Para buscar nas profundezas 

As sutilezas que te armam 

Tranço-te caminhos na cabeça 

As chaves de novos recomeços 

Em cada dúvida que tiveres, 

Uma pista do que precisa encontrar 

Uma ponte a atravessar 

Em páginas a virar 

Ou cantigas de abraços 

Os laços nunca foram desfeitos 

Curando os avessos, 

Transmutando as agulhas que colocam sob teus pés 

Movimento em espiral 

O tempo é ao mesmo tempo 

E os impasses vêm de muito longe 

Eco ascestral, 

Fotografias e nomes 

Esquecidos 

Rastros de existências 

Histórias rasuradas 

Não é coincidência as ausências ou presenças que existem além da nossa pele 

Vêm de muito longe 

A necessidade de cura 

O retorno da viagem 

A vontade de encontrar 

Somos todos menina criança a espera 

Com garra a questionar por onde recomeçar

 


Mitti Mendonça é artista têxtil e ilustradora. No campo da arte, atua no circuito de exposições e colaborando criativamente para projetos, marcas e editoras, como Festipoa Literária, Intrínseca, Natura e Telecine. Em 2017, criou o selo Mão Negra, fomentando poéticas negras, em publicações independentes e obras de arte. Usufrui da escrita, da arte digital e do bordado para criação de seus trabalhos artísticos. É natural de São Leopoldo/RS e atualmente está baseada em Porto Alegre-RS. 


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