A laranja que não cabia no copo –  e sobre todas as tentativas de tentar caber onde não tem espaço

Eu sou copo, sou jarra. sou isso que derrama e desencaixa. as coisas que não cabem que não me cabem são todas elas um unísssono: desses que corroem e digo quase que abandono. as palavras limitam-se nas bordas e isso acontece toda vez que eu tento descrever alguma coisa: por isso as deixo na borda do copo na borda de mim na borda das coisas. sempre uma enconsta / um contorno / um precipício. nunca um cabimento talvez tenha algo nisso que não me cabe: descabe eu não vou materializar as palavras da mesma forma do que escrevendo o texto não se desfaz: se projeta e eu ainda digo minhas mãos não cabem como copo quebrado. elas não alcançam meu descabimento. de dentro do copo só se vê as incertezas e a película que cobre e que passa pelo olho é quase como se me passasse pelos dedos a tentativa de caber em algo e das vezes que tentei caber onde não precisava / tentei ter nomes que não eram meus / tentei inexplicavelmente dar nome às coisas que não tinham / estar em lugares que meu corpo não sentia paz até subir até a borda: vai te rasgar a pele e as cascas. até subir até a borda dá pra sentir o conforto de ter onde ficar de ter um canto de sentir que tem um lugar mesmo que não seja um lugar-casa / até chegar na borda e cair pelos buracos dá pra sentir vontade de não subir no precipício mas é lá de cima que a queda não parece sinônimo de estilhaço: eu tenho uma atração quase magnética pela gravidade. as coisas laranjas são tudo aquilo que eu tento fazer: e logo perco entre os dedos porque não cabia em mim. as coisas laranjas são quase todas como um copo vazio.  


sou Nathália Bezerra, alagoana, tenho 24 anos e moro em maceió desde que nasci. sou fotógrafa, apaixonada por literatura, pela escrita e por neologismos. com a quarentena, tenho me utlizado da fotografia e da escrita como forma de materializar algo que passa pelo corpo: passei a escrever por cima das fotografias, a narrar algo de indizível dessa experiência, da memória afetiva que carrego de tempos pré pandêmicos. atualmente tenho trabalhado em torno de artes visuais, fotografia e escrita, encontrando formas de torcer essa língua mesma. nas beiras de concluir a graduação em psicologia pela universidade federal de alagoas, me mergulho em pesquisa & paixão pela psicanálise e pela poesia


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