Memória da Humanidade

Esta manhã, fiz minha caminhada habitual e, repentinamente, tive um  pensamento sobre a memória. Logo veio o refrão da música do saudoso  Gonzaguinha que diz: “Houve um dia aqui uma praça, onde tantas crianças  cantavam, houve um dia aqui uma praça, onde os velhos sorriam lembranças…  Digo de fresca memória que não aqui não havia, de estátuas canteiros, houve  um dia aqui, uma praça, uma rua, uma esquina, um país houve crianças e jovens  e homens e velhos um povo feliz”. 

Apesar de não ser uma coincidência, nem acaso, fiquei surpreendido ao acessar  a rede social e descobrir que estava ocorrendo uma exposição interativa sobre  os 110 anos do rei do baião, Luiz Gonzaga, foi uma conexão no momento que  estava escrevendo esse artigo. 

Quem não se lembra desse grande cantor nordestino? Decidi fazer uma visita, e  fui serpenteando, e a memória ativando, percebendo cada detalhe emocionante  e inesquecível. Um acervo pessoal com documentos originais do carro do artista, manuscritos, revistas e discos. Imagine esse cenário como se tivesse  na cápsula do tempo em que o passado também está registrado coisas  preciosas. 

E se, de repente, tudo parasse e você não se lembrasse e perdesse a  capacidade de escolher o melhor caminho a seguir na vida? Isso é uma pergunta  capciosa, já parou para pensar em como as nossas memórias se formam? 

Como funcionam as lembranças? É curioso pensar como seria a humanidade  sem memória. Será que alguém pensa nisso? Você pode perguntar. Memórias  da infância, o impacto de um filme ou um desastre aéreo em algum lugar do  mundo que ficaram registrados em nosso cérebro, de acordo com Alexandre Feldman:  “Você vai ao supermercado, compra coisas no caixa e pode não reconhecer a  funcionária do caixa se ela cruzar seu caminho na rua. No entanto, quanto mais  você frequenta o mesmo estabelecimento e é atendido pela mesma funcionária  do caixa, maior é a chance de se recordar de sua face e não passar por ela como se fosse uma desconhecida, caso a encontre na rua.” Isso se  chama memória

Tem momentos que o indivíduo passa por lapsos de memória, esquecimento ou  letargia mental, mas não que seja grave, ao ponto de achar que está ficando  desmemoriado, ás vezes pode ser pelas demandas externas que fazem o cérebro  ficar cansado mentalmente. Concluímos que, à medida que vamos  envelhecendo passamos por lapso de memória, pensamentos incoerentes, e passando por crises confusionais. 

Recentemente conversando com um amigo de longa data, ele me perguntou se eu  lembrava de um vizinho que morava no antigo prédio e que fazia parte do nosso grupo de amizade. Infelizmente não consegui memorar da sua fisionomia, por  mais que ele insistisse, não consegui acessar o arquivo da minha memória e  trazer a lembrança. Naturalmente, isso pode acontecer com qualquer pessoa, no  meu caso sinceramente, acho que é estresse. 

Às vezes a memória nos prega peças ,, e temos um branco na mente. Isso  acontece muito quando precisamos lembrar o nome de alguém. Uma das  explicações é a dificuldade de associar nomes de pessoas a conceitos,  diferentemente do que ocorre com objetos. A vida é como um” game” (jogo) e estamos conectados o tempo todo com as  experiências, informações, conhecimentos e associações dos estímulos que nos  tornam vívidos. Por que tem pessoas que guardam em seu arquivo memorial  experiências que gostariam de rever e reviver aquela sensação novamente? A  memória tem suas facetas (são recordações que podem enganar) e  respondemos ás situações da vida proveniente do passado. 

A palavra memória tem da origem em um termo Latim, de memor que significa “aquele que  recorda”. A mente humana é simplesmente a representação da memória, dessa  forma enfrentamos desafios da vida através dela. 

Concluímos que através de um condicionamento é que nos leva a tecer tanto o  passado como nossas criações para o futuro a ponto de criar uma identidade, ou  seja, montamos as peças de um quebra cabeça se tornando uma personificação  corporificada. Portanto, lembrar de coisas que você já viveu e de outras que você  não viveu, esses comportamentos são resultado da interação do indivíduo com  o ambiente. 

Com o progresso dos bancos digitais, você talvez não esteja mais habituado a  lidar com moedas. Mas não é tão difícil reproduzir mentalmente como eles são.  A imagem está gravada na sua memória. Você poderia descrever uma moeda  de 10 centavos em detalhes? Acredito que não. 

Assistindo à série de ficção científica Star Trek, um dos episódios se trata sobre as memórias trágicas. Onde a narrativa de um dos personagens foi  perfeita: “Mesmo sem a memória, a dor sempre permanece registrada nas  nossas células, passamos por um tempo perdido, uma confusão momentânea e  que as emoções são capazes de nos guiar para onde as memórias não podem,  porque as coisas do coração é que importam, elas não vão embora”. A sociedade  funciona assim, com as lembranças guardadas. A trajetória de vida está armazenada na memória celular, mas você terá a  oportunidade de acessá-la sem necessariamente ter as recordações mais  detalhadas, mas certamente as energias que receberá dessa experiência. (Intuição).

Embora haja risco, é importante ressaltar sobre as memórias que ficam em  nosso inconsciente e subconsciente, mesmo não sendo acessada, o ser humano não  tem a capacidade de elaborar precisamente o porquê daquele fato ter ocorrido e  se torna impactante causando rupturas nos seus aspectos psicológicos. Mas há  formação das memorias falsas que podem surgir e trazer consequências, por  não lembrar de eventos que não aconteceram, ou seja, situação não  presenciadas. Na verdade, a recordação de um acontecimento é um processo construtivo, que  se baseia nas experiências, expectativas e conhecimentos prévios, bem como  os esquemas mentais que ele possui. Justamente devido a determinadas lembranças armazenadas e por serem  deletadas com o tempo, pode interferir na fase a adulta a depender de cada caso.  Posso exemplificar um “case”, o indivíduo que passou por uma situação que  ocorreu na infância, um acidente, e não foi terapeutizado. Esse fato acabou sendo  registrado na memória,e ao chegar à fase adulta a memória dele vai ativar mesmo  inconscientemente um medo inexplicável, e isso pode implicar de uma forma  negativa no caminhar na sua vida pessoal e profissional. 

Há diversos tipos de memórias: a memória de vidas passadas, as memórias  falsas, biológica, memória intrauterina, a memória da dor, memória celular (Eu  atribuo maior importância à memória celular, pois nela está armazenada a sua  história, sua biografia e nossas vivências já registradas no corpo e na mente que  não podem ser modificadas) em que podemos investigar e se autoconhecer  através delas. 

Seria um prazer dar continuidade às memórias, comungar, elucidar, mas gosto  de deixar o leitor à vontade para pesquisar, interpretar, e quem sabe ajudar a  compreender de onde viemos e saber mais sobre o registro da memória da  humanidade. 

Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido  contra o sem sentido apelo do Não. As coisas tangíveis tornam-se  insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que  lindas, essas ficarão. ” 

 Carlos Drummond 

Nas minhas pesquisas diárias, descobri um livro interessante do cientista Bruce  Hood O livro “Supersentido -Porque Acreditamos no Inacreditável” que traz 

um capítulo que trata sobre registros de pessoas que tiveram os órgãos  transplantados e absorveram memórias e comportamentos de alguém  deixando uma pergunta ao leitor: Você Receberia um Transplante de  Coração Voluntariamente se o Doador Fosse um Assassino?”. Ele explicita  sobre os registros de pessoas que adquiriram novos comportamentos após  terem órgãos transplantados. O mais impressionante é que nossos órgãos são  capazes de armazenar costumes, práticas e traços da personalidade de cada  indivíduo. Segundo os cientistas nossa mente tem a capacidade de responder  comandos do nosso corpo. 

Para ilustrar o que acontece quando pessoas são transplantadas deixo um  exemplo registrado e um depoimento de quem já viveu essa experiência. Amy  Tippins tinha 17 anos quando recebeu o fígado de um militar aposentado. O  homem que salvou a vida de Amy trabalhava ajudando e protegendo a vida das  pessoas. Uma de suas vocações também era construir objetos dos mais  variados tipos. Após o transplante, a jovem começou a criar várias coisas e um  de seus lugares preferidos passou a ser uma casa de materiais de construção.  Ela também adotou novos hábitos e comportamentos em prol dos outros. No documentário explicando a mente, os neurocientistas e cientistas, fizeram  teste de meditação para atenção com 460 para 520 universitários e observou  que houve uma melhora significativa como também grandes mudanças na  mente. O efeito é benéfico para a memória, além de aumentar a concentração e  capacidade cognitiva. A prática de meditação impede que o seu cérebro  envelheça rapidamente, preservando a saúde cerebral. 

Para finalizar, não devemos nos esquecer do que dizia o grande filósofo e  pensador chinês Confúcio: “Diga-me e eu vou esquecer. Mostre-me e eu posso  não me lembrar. Envolva-me e eu vou entender. ” 

Afinal você pode tornar sua mente seu próprio mestre, seu grande aliado, amigo.  Apenas medite, respire, saia mais do mundo corporativo, faça atividades  espirituais e físicas, se encontre e saiba quem és. 

Que as minhas palavras escritas nesse texto abracem vocês e espero  sinceramente que esse texto tenha sido útil de alguma maneira. 

Um abraço e até qualquer hora.


Mônica Prado é bacharel em Musicoterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Salvador, (UCSAL) com especialização na área neurológica, geriátrica e gestacional, com mais de 26 anos de experiência clínica como Terapeuta. Escritora, jornalista, colunista, comunicadora, pesquisadora e palestrante. Colunista da Revista Metropolitana, Jornal do Povão (SE), Jornal do Povão (MG), Revista Trama bodoque (BH), Além da participação semanalmente do programa de rádio (Aracaju) com abordagens e temáticas diversas sobre bem-estar, comportamento, consciência, espiritualidade, saúde psicoemocional, dualidade, autoconhecimento entre outros. Criadora do método Modaterapia em que no campo Da terapia observa e percebe a ótica da imagem e o comportamento das pessoas em relação à Moda. Transcreve conhecimentos e experiências dos atendimentos em consultório ajudando no Empoderamento feminino, elevando a auto estima da mulher, fertilizando a vida através das suas experiências singulares, o bem-estar e aceitação de si mesma.


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