Os Submersos

“Para além das fronteiras do destino, refugiam-se os olhos destas crianças que longe da relutância, e para além da transgressão, tiveram de migrar para procurar apreender os seus desígnios. Em que a arte de criar foi capaz de lhes proporcionar o reencontro com o fascínio de viver. ” Lucas Tirelli

Nesta exposição nomeada de “Os Submersos”, reapresento a classe de esquecidos, fragilizados pelo sistema, por famílias separadas, com suas crianças perdidas ou abandonadas, enormes agruras da vida, completa falta de pertencimento, ainda, tamanha volatilidade e, efemeridade. Que mal expressa seus aborrecimentos, sofrendo privações e tamanhas inclemências forçadas por sua condição.

A intenção principal do meu processo artístico é mostrar a resiliência dessas crianças por meio de símbolos que significam a esperança e o resgate da infância perdida. Para isso eu exploro o universo simbólico da criança, uso o território do brincar como arte, como crescimento, como comunicação, como troca, como desenvolvimento, como cultura, como história, e como linguagem própria e compartilhada. As flores simbolizam a inconstância e efemeridade da vida, juventude, energia, nova vida e vitória sobre a morte. Os objetos conceituam o ritmo, a marca, a identidade de cada um no mundo. Minha pintura evoca para eles um novo patamar de esperança e futuro, como uma espera positiva de inserção em uma outra cultura, onde expresso o foco em suas atividades. Cito assim a inserção no sentido mais profundo, sonhando em um dia onde todos possam fazer parte de uma sociedade justa e igualitária, com educação, moradia, trabalho e dignidade. E que desta forma o meu despertar possa reavaliar nossa interdependência como seres humanos, narrando a história humana por meio da pintura, articulando os signos e minha linguagem pessoal, em uma projeção universal.  

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