Toda cidade é um texto escrito e reescrito no espaço e no tempo. Como produto da ação humana sobre
a natureza, ela se constrói e se representa a partir de múltiplas interações sociais, trocas culturais e
olhares. Através de fotografias, projetos técnicos, propagandas, jornais, revistas, livros e
cartões-postais, seus habitantes atribuem aos traçados das ruas, às praças e aos elementos
arquitetônicos sentidos e significados que se transformam ao longo do tempo ou convivem no mesmo
momento histórico.
O advento da modernidade propiciou não apenas a aceleração das transformações urbanísticas como
também as possibilidades de registrá-las, permitindo, assim, a observação das mudanças e
permanências das características das cidades ao longo do tempo. Com Juiz de Fora, não foi diferente.
Fundada em meados do século XIX e experimentando, na virada do século, significativo crescimento
das atividades industriais, comerciais e culturais, a cidade associa mais fortemente a sua imagem ao
progresso e à modernidade do que ao passado colonial. Em meio às tensões típicas da transição entre
o rural e o urbano, concepções e valores europeus se fizeram presentes nas formas de organizar,
habitar e viver nesse território.
Parte das mudanças e permanências na trajetória de Juiz de Fora está contemplada no acervo do
Museu Mariano Procópio, fundado em 1921, nesse contexto de modernização da cidade. No momento
em que a fundação do município completa 174 anos, a exposição “Janelas do tempo” traz a público
esses registros, como o primeiro fruto da parceria entre o Museu Mariano Procópio e o Shopping
Independência.
A exposição reúne imagens da cidade, nas quais podem ser observadas as principais ruas do centro,
como a antiga e longa rua Direita, transformada em avenida Barão do Rio Branco em 1912, e as ruas
Halfeld e Getúlio Vargas, que incorpora parte do traçado da antiga estrada de rodagem União e
Indústria. Além disso, retratam o processo de industrialização, urbanização e implantação de
infraestrutura, a exemplo da malha ferroviária (trens e bondes), da Companhia Têxtil Bernardo
Mascarenhas, bem como a Usina Hidrelétrica e a sede da Companhia Mineira de Eletricidade. No
campo da construção civil, fazem-se presentes a Companhia Pantaleone Arcuri e algumas de suas
principais obras: o Monumento ao Cristo Redentor, o Parque Halfeld, o Paço Municipal e o Instituto de
Educação. No âmbito cultural, a efervescência do teatro e da imprensa é exemplificada pelas imagens
do Teatro Juiz de Fora e da revista Marília.
As imagens dessa exposição são “janelas” que se abrem a partir do acervo do Museu Mariano
Procópio, permitindo-nos percorrer a cidade em diferentes épocas, com olhares atentos, pautados em
vivências e experiências plurais, através das quais podemos tecer relações entre presente e passado,
imaginando futuros possíveis.
Sérgio Augusto Vicente
Doutorando e mestre em História, Cultura e Poder pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Bacharel e licenciado em História pela mesma universidade. Dedica-se a estudos na área de história social da cultura no período correspondente à segunda metade do século XIX e às décadas iniciais do século XX, com ênfase nos seguintes temas: associativismo, sociabilidades, trajetórias, história intelectual, história social da literatura, memória, arquivos e coleções bibliográficas e documentais. Professor efetivo de História da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora (MG). Possui experiência em pesquisa histórica, processamento técnico de acervo e difusão cultural em museus – como curadorias de exposições e mostras, palestras, minicursos e oficinas. Entre os anos 2022 e 2023, integrou a equipe curatorial de três grandes exposições que reabriram o Museu Mariano Procópio integralmente aos públicos, com novas abordagens historiográficas e narrativas expográficas. São elas: 1. Rememorar o Brasil: a Independência e a construção do Estado-Nação; 2. Fios de Memória: a formação das coleções do Museu Mariano Procópio; 3. Villa Ferreira Lage (ambientação da residência de uma família da elite senhorial brasileira do século XIX). Desde 2020, atua como escritor da revista Trama Bodoque: arte, cultura e criatividade (ISSN 2764-0639) e, a partir de 2022, também passou a atuar como membro do conselho editorial do referido periódico quinzenal.
Priscila da Costa Pinheiro é graduada e mestre em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Especialista em Cultura e História dos Povos Indígenas pela mesma universidade. É professora da Secretaria Municipal de Educação de Juiz de Fora. Dedica-se ao processamento técnico do acervo bibliográfico e documental do Museu Mariano Procópio, bem como à preservação, pesquisa histórica e difusão cultural do acervo da instituição.
Rosane Carmanini Ferraz é professora de História e historiadora. Trabalha no Museu Mariano Procópio e na Fundação Caed/UFJF. Possui graduação em História, especialização e mestrado em Ciência da Religião (PPCIR/UFJF) e doutorado em História (PPGHIS/UFJF).
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