Sinal da Cruz

Ela andava distraída
Elegante de sobretudo e boina
Pelo centro antigo de Salamanca
Frio intenso típico de inverno
Parou defronte à igreja imensa
Observava cada detalhe artístico
Arquitetura esplendorosa
Inspirou o ar gélido
Ouviu um canto partindo do templo
Os olhos reviraram nas órbitas
Súbito saiu de si
O cenário era parecido
A mesma praça
Mas era um dia de verão
Sol a pino
Céu de um azul belo
Lembrança de vida passada?
Sua mão segurava um machado
A multidão reunida
Gritos e imprecações
O padre fez o gesto
Mediu o pescoço de uma infeliz
Urros da malta agitada
Executou o golpe com violência
O sangue esguichou na sua cara
Retornou assustada
Caída ao chão
Em pranto convulsivo
Mudou-se para Segóvia
Nunca mais voltaria

Gabriel Garcia é poeta. Atua como professor de Física nas horas vagas.


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