Digo que o mais atrativo é o caráter e a inteligência. Mas fora da internet eu não tenho paciência. Se eu posto foto de gente gorda ou com o rosto assimétrico, não significa que é minha escolha quando decido quem eu pego. As reflexões e a consciência crítica só me deixam excitado se vejo uma pessoa gostosa bem na foto ali do lado. Faço parte dos fariseus. Exijo que sigam minhas regras. Mas se alguém feio me quer, Deus me livre, um outro pega. Apreciador das essências humanas, esse é o papel que interpreto. Prefiro a mente mais rasa se estiver no corpo certo. Olha o cabelo, olha o sorriso, olha esse rosto surreal. Do discurso eu não preciso. Beijo bom, fala banal. Quando me seguem, vejo as fotos antes de seguir de volta. Pessoas lindas eu não nego. Os feios? Depende da nota. Inteligência e consciência de classe não são línguas dentro de mim. Energia boa não tira minha roupa. Mas dois belos braços sim. Trato melhor quem acho bonito, seja online ou presencialmente. Lá no fundo eu acredito que vai rolar algo entre a gente. A estética da beleza humana é critério de superioridade. Minto nas redes sociais, minhas desconstruções são falsidade. Pele, peso, corpo e rosto atraem mais que mente e coração. Foda-se o sapio, venha o sexo, é isso que dá tesão. Sinto atração por peles, corpos e cabelos específicos. O que me atrai em alguém é predominantemente físico. Eu minto o tempo todo, mas aqui falo a real. Eu confesso, sou pseudossapiossexual.
Wudson Marcos é graduado em Filosofia pela UFMS, pós-graduado em Sociologia e Orientação Educacional pela Faculdade Dom Alberto. Trabalha como professor, faz mestrado em Estética e Filosofia da Arte pela UFSC. Também é poeta, autor do livro CGS, e futuro pastor excomungado, sendo que a excomunhão já foi efetivada.