Sobre Escolhas, Portais e Destino 

Nós somos o fruto de todas as nossas decisões, resultado de todas as perdas e vitórias que nos aconteceram. Tudo ao nosso redor é consequentemente, um resultado direto de nossa intervenção e ação. Existem decisões ínfimas com desdobramentos irrelevantes, como ter feito um trabalho em dupla com uma pessoa no ensino médio, cuja interação completa se limitou apenas aquelas horas de convívio; e existem outros grandes pontos de impacto em nossas vidas, que nos moldaram, ensinaram, compartilharam experiências e assim transformaram a gente e nossa realidade inteira. 

      Você já pensou se alguma coisa fosse diferente? Já tentou imaginar as infinitas possibilidades de realidade que poderíamos ter ao nosso redor caso tomássemos caminhos distintos? A verdade é que por mais que conseguíssemos imaginar uma extensão incrível de probabilidades, esse número ainda seria muito limitado, porque tudo que imaginamos vem de alguma referência que obtivemos em algum lugar através de nossas vivências.

Será que você pode afirmar que consegue imaginar algo que nunca viu com base numa explicação detalhada de outra pessoa? Todavia, todos os seus projetos, concebidos pela sua imaginação, serão construídos apenas com materiais, cores e características que você já conhece.

      Sempre gostei de teorias de multiversos, e quando eu era mais novo gostava de pensar que haviam diversos outros planos e realidades. Alguns seriam até bastante parecidos com as nossas realidades, já outros totalmente diferentes, até com versões alternativas de nós mesmos. A parte que eu não gostava muito era de pensar na teoria de portais, esses deveriam ter pontos de encontro entre todos os planos; pequenas brechas em que, sem querer, poderíamos cruzar. Teriam que ter horas, locais e rituais característicos para serem atravessados, mas que, acidentalmente, pelas infinitas possibilidades do universo, poderiam, sem nenhum requisito prévio, ser atravessados, ao menos uma vez na vida. Imagine que, certo dia ao andar por uma rua de cabeça abaixada, enquanto escutam um podcast ou sua playlist conectadas aos seus fones de ouvido; completamente alheio à realidade, ao virar uma esquina rumo ao seu destino, em um trajeto feito automaticamente por tantos anos, você percebe que um ciclista está vindo ao seu encontro, e invadindo a calçada. No intuito de evitar ferimentos e colisões você dá um passo para o lado, se protegendo atrás de um poste de metal com uma placa já bastante danificada. Após uma singela troca de “desculpas”, você dá o primeiro passo para continuar no seu trajeto, se espremendo por aquele minúsculo espaço entre a calçada, ou passeio para o pessoal de Minas, e o asfalto, com um pé alinhado à frente do outro. A temperatura cai e você sente uma brisa gelada atravessar seu corpo, e segue seu trajeto. Então aquela placa velha, que você nunca havia reparado, ou nunca esteve ali antes. Pense que talvez, apenas talvez, ela fosse um portal que só abre exatamente naquele dia do ano, por poucas horas, e que de todos os rituais possíveis, sua única regra é ser atravessado dando três passos com um pé atrás do outro naquela exata rua.

Isso tudo pode ser muito parecida com a realidade que você esteja vivendo agora, mas com detalhes que você ainda não reparou. Uma cicatriz que não existe mais ou um machucado em um lugar que não se lembra de ter feito. Algumas pessoas que você tinha certeza que possuíam uma grande consideração por você, de repente, não parecem mais tão afetuosas. Você que não consegue mais se lembrar de alguns fatos, mas possui a informação exata do que aconteceu e como aconteceu, mas a imagem delas, simplesmente não lhe vêm à mente; é como se alguém tivesse te contado, só que sem nenhuma outra pessoa para confirmar. A pior parte é que o caminho é sempre de mão única, pode ser que o portal de volta para o seu plano seja em outro plano, então, seja bem-vindo ao seu novo lar! Ou ainda não! É tudo uma grande coincidência do destino. É como se sua vida seja uma espécie de um grande “efeito Mandela” , um conjunto de falsas memórias compartilhadas no imaginário coletivo, e aquela queda que você se lembra bem nunca deixou uma cicatriz. O personagem do banco imobiliário nunca teve um monóculo, e o rabo do Pikachu nunca teve uma ponta pintada de preto. Tudo vai do limite que conseguimos imaginar

    Agora, brincadeiras e portais à parte, atualmente, tenho gostado de deixar um “se” apenas para as artes ou para as decisões futuras e abraçar mais a idéia de destino. Não um destino inexorável e sem escolhas, porém único. Nunca houve outra possibilidade senão a que me trouxe até aqui, agora. O destino é um jardim no qual vemos diante de nós diversos caminhos a serem escolhidos para percorrer, mas sempre que paramos e olhamos para trás, o tempo todo, só havia um caminho a ser percorrido. 


Kadu Arcano

Meus amigos me chamam de Kadu. As pessoas que curtem minhas artes me chamam de Arcano. Eu acredito que o sentido da vida é aprender e gosto de abraçar a infinitude de possibilidades do que posso ser, sem me limitar ao que já fui.  Não tenho formação artística e sou completamente autodidata.  Sou apaixonado por história, Escócia do passado, arte celta e nórdica, lobos, a Lua, a natureza e comer bem. 
Atualmente vivo com minha esposa em Itaipava, Petrópolis-RJ, em um chalé de bruxas, em comunhão com a floresta e sua infinitude de insetos, plantas e animais (que muito frequentemente invadem nossa casa). 

arcano.artes

 


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