Declaração

Quero te fazer uma declaração de amor pública para que  todos saibam, abertamente, o quanto eu te amo, o quanto eu te quero  diariamente, não dessas piegas, cheias de lugares-comuns, frases feitas ou  absolutamente sem sentido do tipo “saudades do que não vivemos”.  Também não quero te chamar de amorzinho, benzinho, queridinha ou  qualquer outro ‘inho’ ou ‘inha’ que possa existir. Me parece muito  diminuto para o tamanho que exerces em meu coração, minha mente e no  meu corpo. Ah, e como exerces. Me parece apequenado para tua grã  eloquência e loquacidade. Quero dizê-la aos quatro cantos e ventos, às  sete freguesias, às 32 regiões e a todos que me puderem ouvir, quão  magnitude tens. Qual o quê digam em contrário. 

Minha declaração será pulsante, te fará perder fôlego,  

suspirarás. Te elevará às nuvens, te deixará flutuando tal qual dente-de leão, te efetivará em brasa. Quero dizê-la sempre à meia-luz do abajur  lilás, vermelho ou branco, não importa, basta que tenhamos penumbra,  que estejamos à sombra, quem sabe até do teu guarda-sol, naquele  cantinho especial do Leblon em que te mostras por inteira, silhueta  torneada, calor que provoca arrepio.  

Será ao som de um bolero, que tanto gostas, – “Românticos de  Cuba”? Um samba-canção bem-marcado, um batuque em partido alto e,  por que não, até um charme vindo do lendário Viaduto de Madureira.  Contanto que tenha melodia em ‘BG’, contanto que seja trilha sonora para  ti, contanto que te faça feliz, que traduza o teu mais profundo sonho, que  te traga paz. 

Vou expor meus sentimentos de forma clara, verdadeira,  dizer-te o tamanho da minha paixão. Por ti buscarei o brilho das estrelas  mais longínquas, te direi todas as verdades contidas na luminescência do  meu olhar. Pedirei a Lua que não se envergonhe da sua beleza e não se  torne minguante. Te farei vaidosa, dadivosa, dengosa, amorosa, a rosa,  aquela que rouba teu aroma. Bem-querer à flor da pele que pulsa, com o  coração, compassado de amor. Me apropriarei de Bilac, Florbela, Camões,  Neruda e Chico para recitar-te em versos e em prosa, bendizer-te infinita  em meus olhos postos de te ver, bela e misteriosa em minha boca, suave e  sutil em aroma imaculado. Razão de vida, já todo o meu viver, charneca  em flor, comboio de corda, misterioso livro. Dirás que ouves estrelas, que  quando a noite vem, salpicam o chão da tua rua de pedrinhas, talvez  falsos brilhantes, no bosque da solidão das espumas ao vento. Nunca  perderás a razão tampouco o senso, só quem ama é compreendido. 

Declarações de amor precisam ser cirúrgicas, parnassas,  delicadas, românticas e, ao mesmo tempo enérgicas pela sutileza que a  ‘Flor do Lácio’ impõe. Precisam que peguem de surpresa a ‘Dulcineia del  Toboso’, que calem fundo n’alma, que provoquem um bem súbito, têm  que falar de amor, de paixão, de tesão, senão…? Não há solução! Não  precisam falar de arrebatamento, ainda que seja inevitável, mas  afabilidades são cruciais, absolutamente ternas. São fulcrais. 

Então assim: amo o teu viço tropical e o teu aroma matinal de  virgens selvas e de oceano largo como e quando sorris; rio caudaloso,  cachoeira em esplendor pleno, mar revolto, carinhoso ao afagar as areias.  Amo-te, ó rude e dolorosa às vezes, pecaminosa, amo-te de qualquer  forma! Deusa principesca, musa mágica maravilhosamente mar, amar, há  mar, ao mar, o mar. Amo-te com a força das paixões fugidias e  arrebatadoras. Como é bom poder cantar-te, contar-te segredos, os mais  profundos, encostado a ti. Fazer-te arder em fogo, deleitar-se em  quimeras, utópicas, encantadoras mil. Gracejo retumbante, magnetismo,  magnética rubra, desse meu não querer mais que bem-querer. 

Amo-te encantamento ao seu lado, encantado ao lado seu  quando fazes biquinho para chorar baixinho e lavar-levar com lágrimas os  males do mundo. Amo-te muito, um sem-tamanho infinito. Amo-te  coração apaixonado que vive n’alma, altar santificado, canção flama, elo  venturoso. Agostiniano dizer-te que a medida do amor é amar sem  medida. Amo-te de Sol a Sol, nas brumas e chuvas efêmeras, ainda  que prefira o Sol. E como preferes! E como ficas linda ao seu doirar!  Porque és solar, és luz, és canto enquanto encanto. Amo-te furtiva, oculta,  encimada branca areia, alva sílica. Simplesmente amo-te porque o amor  não se mede, não se compara, não se coteja, não se afere, não se  condiciona. O amor, única e simplesmente, se ama, se vive. Eis minha declaração, eis-me exposto aqui, eis-me a dizer quem és: só a ti  e ai de ti, Minha Maravilhosa Cidade. Eu hei de amar por toda a minha vida,  sejam elas quantas forem. Como é grande o meu amor por você!

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Carlos Monteiro é carioca, nascido em Santa Teresa, é flamenguista e portelense. Carlos Monteiro é fotógrafo, jornalista, cronista e publicitário desde 1975. Trabalhou nos principais veículos nacionais – Revista O Cruzeiro, JB, Jornal dos Sports, História e Glória do Rock, revista Foca além de outros como freelancer. No Jornal O Dia, publicou a foto-galeria, ‘Alvoradas Cariocas’, retratando o amanhecer. Atualmente colabora com o Correio da Manhã, a Revista 29H, a Revista da Família, a Revista Publicittà, o Portal Mirada Cultural, o Portal Anna Ramalho, a Rede Lume de Jornalistas, o Portal Pro Coletivo, o Portal Os Divergentes, o Portal Jornal Digital, o Portal São Paulo Sao, além de atuar como publicitário na Agência Saravah e para alguns outros veículos. Tem três foto-livros, publicados, retratando o Rio.

@carlosmonteiro_br  


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