Versar: Práticas Artísticas, Maternidades e Feminismos

Se o direito de falar, de ter credibilidade, 

de ser ouvido é uma espécie de riqueza, 

essa riqueza agora vem sendo redistribuída.

Rebecca Solnit 

No podcast VER.SAR – Práticas Artísticas, Maternidades e Feminismos, convido mulheres a lerem outras mulheres. Com episódios publicados esporadicamente, desde sua criação, a proposta é tramar uma rede de referenciais mulheril e produzir os episódios respeitando o tempo da minha maternidade e as outras demandas cotidianas, algo que pudesse ir acontecendo ao longo do tempo, no seu próprio ritmo. Apresento o programa com minha filha Maria Flor, que nasceu em 2016, ela que me impulsionou a olhar a minha própria biblioteca e verificar quantas mulheres autoras existiam ali e perceber que mesmo me considerando uma feminista, e ativista materna, tinha poucos livros escritos por mulheres. Assim, separei todos os livros que eu tinha de mulheres em uma prateleira e constatei que minha estante era 90% masculina. Mesmo que nos últimos anos eu tenha me dedicado a adquirir livros de mulheres, não tem comparação com a quantidade de anos que passei comprando livros de arte, filosofia, literatura com autores masculinos porque eram referências na escola, na universidade e na televisão. Ao perguntar para as amigas, colegas e vizinhas “Quantas mulheres compõem a sua biblioteca?”, e ser surpreendidas em como, ainda, lemos poucas mulheres, percebi que se queremos equidade, precisamos mexer no nosso vocabulário e nos nossos repertórios. Movida por esse interesse, em 23 de julho de 2018 publiquei o primeiro episódio do Versar, dando início a uma biblioteca-falada. 

A proposição-curadoria é feita com artistas que são minhas referências e que eu gostaria de saber quais mulheres são seus referenciais, quais mulheres inspiram e movem as mulheres que eu admiro. As convidadas estão diretamente envolvidas na produção de pensamento crítico e de criação poética e, por meio da leitura em voz alta, apresentam o trabalho de mulheres que fazem parte de seus referenciais teóricos, políticos, afetivos e poéticos. A iniciativa busca promover o reconhecimento da contribuição das mulheres para o universo artístico e literário e para a produção de conhecimento de uma maneira geral.  

A plataforma mantém, de forma colaborativa, o arquivo e para além da mídia podcasting, são instalados pontos de escutas em salões de beleza, bares, restaurantes, salas de espera e realizadas parcerias com professoras da rede pública de educação. Essas ações fora do circuito oficial de arte e dos streams possibilitam o amplo compartilhamento do arquivo VER.SAR, tornando acessível à escuta, de maneira gratuita, a produção de mulheres, artistas, poetas, escritoras, pesquisadoras, mães, ativistas, etc. Assim, proporcionando às pessoas que por algum motivo [físico, social, geográfico, econômico, etc. são impedidas de ler, escutar os textos. 

Entendo que o exercício de leitura, vocalização e escuta é um ato político fundamental para a construção/desconstrução e ampliação de conhecimento, portanto, nessas leituras, as mulheres são reconhecidas e se reconhecem como agentes de ação política transformadora de suas próprias vidas e do mundo. 

Acusmática e leitura do VERSAR se dá entre duas mulheres, a que escreveu e a que leu. Ao vocalizar os textos, elas estão evocando a presença da escritora pela fala, pela voz, pela garganta-viva, pela leitura em voz alta. As leituras transformam as leitoras numa espécie de porta-voz de outras mulheres, nos dando a possibilidade de manter a voz dessas mulheres vivas e ressoantes.  

VER.SAR, de certa forma, é uma conversa da qual eu me retiro do protagonismo da fala e me coloco à escuta. As conversas que acontecem nos bastidores não são publicadas e o que chega ao público é a resposta que as artistas dão ao meu convite. Eu sigo enviando convites, e mais mulheres irão compor essa trama, até que as texturas das leituras sejam incorporadas em nós, transformando quem sabe os sentidos que nos habitam. Os textos lidos, ouvidos, vistos e compartilhados servem de suporte e atualização das nossas práticas políticas artísticas. Eles compõem e fazem ressoar outras vozes e falas de mulheres que lutam e lutaram para serem ouvidas e lidas. Cada leitura, cada texto, cada mulher no ato de pronunciar-se, constrói alternativas para que outras se pronunciem. Ouvir as mulheres é ato indispensável à construção de um conhecimento despatriarcalizado. 

As convidadas para compor o episódio especial para esta edição da Revista Trama Bodoque são as artistas que pensam as maternidades em vários momentos e aspectos das nossas vidas. São elas: Tais Baia, Anna Moraes, Renata Sampaio, Mônica Ventura e Bárbara Milano. 

É preciso ouvir as mulheres! 

Plataforma VER.SAR [www.podcastversar.com]  – Instagram

Versar: Práticas Artísticas, Maternidades e Feminismos

Ouça outros episódios!


Priscila Costa Oliveira (1990) é artista e pesquisadora. Coordena o podcast VER.SAR e integra o Coletivo Ka. É Doutora em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa (UDESC), Atualmente é mentora na Residência Professor Artista no MAM/RIO; Coordena o espaço VERSAR de Arte e Cultura e faz parte do grupo de Pesquisa Proposições artísticas contemporâneas e seus processos experimentais. Tem produção nas relações de voz e escuta junto a comunidades e o uso de mídias da oralidade. Pesquisa a conversa como prática artística.  

Portfólio: www.priscilacostaoliveira.com 

podcast VERSAR: www.podcastversar.com 

Conversas sobre conversas: https://open.spotify.com/show/1Rdvg6jBy25HTQI31R8u3y?si=8d39e855fe384a17 

Instagram: @arteversar @podcastversar @priscilacostaoliveira 


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